sábado, 6 de junho de 2009

Cosme Machado: “É difícil ser árbitro em Portugal”


Na Câmara de Famalicão, é difícil olhar para alguém e ficar a interrogar-se de onde se conhece essa pessoa. Por ser um meio relativamente pequeno, quando comparado com Braga ou Porto, é frequente conhecer-se uma ou outra pessoa. Ou porque mora na mesma freguesia, ou porque é da família. Quando se entra na tesouraria rapidamente se percebe que o funcionário lembra alguém – e não é nem da família nem da mesma terrinha. O próprio confirma: “Às vezes, as pessoas mais ligadas ao futebol olham para mim”.

Visibilidade nem sempre é sinónimo de coisas boas, desenganem-se os mais incautos. Após os jogos com os grandes, que passam invariavelmente na televisão, as pessoas chegam a interpelar o árbitro da Associação de Futebol de Braga. Perguntam “como é possível errar”. Cosme faz questão de salientar que não fica satisfeito quando as coisas correm mal. “Ninguém fica mais frustrado que os árbitros, quando há um erro”, vinca. Lucílio Baptista, responsável pelo pior erro da temporada (segundo votação dos nossos leitores, para a qual se fez um top 10), foi “vítima de uma injustiça”, devido a todo o circo mediático que se montou sobre o juiz de Setúbal após ter marcado grande penalidade num lance entre Di María (Benfica) e Pedro Silva (Sporting).

São 16h30 e o movimento é muito reduzido. Falta pouco para esta divisão da edilidade famalicense encerrar. Cosme Machado está atrás do computador, que tem como ‘wallpaper’ a foto das filhas, e o ambiente com os colegas parece ser de uma certa proximidade. O árbitro é uma pessoa acessível, o que justifica algumas piadas que os colegas fazem sobre o seu cabelo (ou a falta dele).

Sábado de manhã é uma boa ocasião para encontrar o homem do apito a brincar com as suas filhas. No Parque de Sinçães, em Famalicão, a família Machado aproveita para fazer desporto em conjunto: a mais velha anda de bicicleta, a mais nova ainda não caminha mas também passeia, e o pai aproveita para fazer umas corridinhas: “Treino aqui todos os sábados de manhã”.

“Jogadores preferem atirar-se para o chão”
“Quando erro, lamento o erro”, assume o funcionário público. Admite, porém que o facto de o árbitro se pronunciar sobre uma jogada em que tenha cometido um erro é um ‘pau de dois bicos’: se não fala, “não tem coragem” para assumir o erro; porém, se fala, “ não sabe o que diz nem o modo como aborda o assunto”.

Cosme Machado afirma-se a favor das novas tecnologias ao serviço do futebol, desde que o futebol não se torne “demasiado mecanizado” em virtude disso. A profissionalização, de igual modo, “é o caminho”. Os erros não vão desaparecer, mas vai haver “um trabalho mais profundo”. Pergunta atrás de pergunta, o árbitro revela-se bem-disposto e à-vontade com todos os temas que vão surgindo.

Mostra, porém, cartão amarelo quando se aborda a incompetência na arbitragem, tema aflorado por Rui Moreira : “Não há incompetência, há erros humanos”. A explicação prossegue, com Cosme prestes a sacar da segunda cartolina, que equivale a expulsão: “Ninguém questiona as substituições dos treinadores… há incompetência em todo o lado”. Também nos jogadores, em alguns lances? “Não há mentalidade de deixar fluir o jogo, eles [jogadores] preferem atirar-se para o chão”. Regista-se, saúde-se, uma “evolução” nesse aspecto.

in arbitrosportugal

1 comentários:

Meu caro,

Costumo seguir com interesse as noticias que vai publicando no seu Blog, desde há tempos idos (ainda tinha o anterior blog).

Bem, tomei a ousadia de acrescentar no meu blog link para o seu blog. Gostaria que fizesse o mesmo.

Comentar ssf.

Saudações desportivas,
Arbitragem Bracarense,
Jorge Oliveira