O ex-árbitro da LIGA, Pedro Henriques, que já foi eleito o melhor árbitro dos campeonatos profissionais e considerado por alguns como um dos grandes valores da arbitragem nacional aceitou conceder uma entrevista em exclusivo ao ArbiFute. O agora comentador televisivo sente-se revoltado com a atitude que alguns dirigentes da arbitragem tiveram para com ele e pede mesmo a demissão do Presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, Carlos Esteves. Recorde-se que Pedro Henriques foi despromovido à 2ª divisão nacional na época 2009/2010 e por esse motivo abandonou a carreira de árbitro.
Nome: Pedro Jorge Henriques
Profissão: Oficial do Exercito
Idade: 44
Qual o melhor momento que viveu na arbitragem?
Pedro Henriques (PH): Subida aos quadros nacionais (1995)
Subida à 1ª Categoria (2001)
Primeiro jogo que arbitrei entre o Benfica e o Sporting (2006)
Consegue eleger aquele que foi o melhor jogo que arbitrou?
PH: Porto - Sporting em 2007
Que tipos de jogadores mais trabalho lhe davam?
PH: Todos aqueles que em vez de se preocuparem com as indicações técnicas e tácticas dos seus treinadores estavam mais preocupados com as minhas decisões e também aqueles jogadores que eram agressivos e violentos na sua conduta e comportamentos, os nomes desses jogadores por questões de ética não vou obviamente revelar.
Se fosse hoje voltaria a inscrever-se no curso de arbitragem?
PH: Claro que sim, tive tanto prazer em arbitrar ao longo destes 20 anos de carreira que voltaria a inscrever-me de novo, não há nada melhor na vida que as coisas que nós fazemos por paixão, e esse foi sempre o principal motivo que me fez “mover” na arbitragem.
Como aparece um Major do Exercito na Arbitragem?
PH: Apareci na arbitragem ainda era Alferes, saí da arbitragem como Tenente Coronel, iniciei esta minha carreira de árbitro porque tirei os cursos de árbitro e treinador de Futebol e de Futsal, para poder estar a nível do Exército como responsável nestas modalidades pelas respectivas equipas militares, no fundo foi para adquirir mais e melhores competências.
Como tem visto a arbitragem desta época?
PH: Muita juventude, alguma inexperiência, mas a mesma vontade que todas as gerações de árbitros tem ao longo dos anos, que querem fazer bem, decidir em quantidade e qualidade de forma acertiva, contribuindo para um futebol positivo.
Porque é que decidiu abandonar quando ainda lhe faltava 1 ano para o limite?
PH: A classificação que obtive foi determinante para tomar a decisão de abandonar a arbitragem, atingi um patamar que não é compatível com o lugar que me atribuíram, e como eu sempre fui independente moralmente e intelectualmente em relação ao futebol, ao contrario de outros não fiquei nem agarrado ao sector nem ao estatuto nem a nada, digamos que me desliguei pura e simplesmente deste subsistema que é a arbitragem.
O Pedro só não foi internacional porque a idade não o permitiu, depois de grandes épocas, foi eleito o melhor árbitro, como se vive um momento de despromoção?
PH: Com a mesma atitude que vivo a vida ou seja de forma positiva optimista, esquecendo o passado por muito recente que seja e abraçando os novos projectos e propostas olhando única e exclusivamente para o futuro, sendo fiel aquela máxima que diz “… A vida pode-nos derrubar e isso não depende de nós, mas é nossa a opção e a vontade de nos voltar a erguer …”
Agora que o seu nome não aparece nas nomeações, de que é que sente mais falta?
PH: O que vivi foi vivido com tanta intensidade e paixão que neste momento não sinto falta de absolutamente nada, raramente sinto falta do que já tive ou vivi, normalmente sinto falta do que ainda tenho e quero viver.
Como vê a gestão da arbitragem feita por Vítor Pereira?
PH: Boa gestão, sob o ponto de vista das suas competências técnicas, administrativas e logísticas, menos boa a sua gestão, naquilo que é a defesa pública dos árbitros e da arbitragem, ou seja, falta-lhe ainda algo, para passar de excelente chefe que já é, a um bom líder que ainda não conseguiu ser.
O que falha na arbitragem nacional?
PH: A profissionalização, a unificação dos conselhos de arbitragem, a independência entre quem nomeia e quem avalia e alguém que possa lidar com a comunicação social de forma periódica para falar, esclarecer e comunicar a propósito das questões da arbitragem.
Qual a sua opinião sobre a profissionalização dos árbitros?
PH: Fundamental para o sector melhorar a todos os níveis incluindo o da credibilidade do próprio sector da arbitragem.
Existe condições para os árbitros abdicarem das suas carreiras profissionais para de dedicarem apenas à arbitragem?
PH: Neste momento não, tudo tem de passar por alterações profundas ao nível das leis laborais que tem de ser criadas especificamente para aquilo que seria uma arbitragem profissional, no actual panorama, é mais compensador e seguro ser “amador”
Jogos arbitrados por estrangeiros acabariam muitas polémicas em Portugal?
PH: Mudança de mentalidade, postura e comportamento dos portugueses, em relação ao desporto em geral e ao futebol em particular, isso sim, reduziria efectivamente muitas das polémicas.
Apitou muitos jogos, teve muitos troféus, o que faltou na sua carreira?
PH: Terminar a minha carreira, com a dignidade, que eu, por tudo o que fui e que fiz, merecia e tinha direito.
Neste momento é comentador televisivo, não tem projectos ou propostas da arbitragem?
PH: Tive propostas quer da Liga quer da minha Associação, que rejeitei, por razões obvias, pois se queriam que eu trabalhasse com eles em termos de futuro, e a um ano de terminar a minha carreira de 20 anos de árbitro, deveriam ter feito as coisas de forma diferente, por isso perderam definitivamente o Pedro Henriques para “trabalhar” com e para a arbitragem.
Uma palavra para:
Carlos Esteves (presidente CA FPF): PH: Demita-se
Vítor Pereira (presidente CA LPFP): PH: Continue porque tem competência, mas não se esqueça que ser chefe não é o mesmo que ser Líder.
Arbitragem Nacional: PH: Coragem e determinação.
APAF: PH: Com o Luís Guilherme, está no bom caminho.
Futebol Português: PH: Tem muita qualidade mas precisa de se reorganizar rapidamente.
Entrevista elaborada por a ArbiFute
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