Nome Lucílio Cardoso Cortez Baptista
Nascimento 1965-04-26 (45 anos)
Naturalidade Almada
Associação AF Setúbal
Profissão Bancário
Último jogo 1ª divisão: Vit. Setúbal - Belenenses (época 2009/2010)
Último jogo internacional: Liga do Catar (2010)
Se fosse hoje o dia em que iniciou o curso de árbitro, voltaria a inscrever-se?
Claro que sim, tive um grande prazer em arbitrar ao longo de 27 anos de carreira no activo, pelo que voltaria a inscrever-me e a começar tudo de novo. A arbitragem suscita-nos uma enorme paixão, e todos sabemos que aquilo que fazemos por prazer ultrapassa todos os obstáculos que possam ocorrer na n/ carreira.
Qual foi a sua sensação no dia que recebeu as insígnias da FIFA?
Vários sentimentos: A sensação indescritível de um jovem de 30 anos ter chegado ao topo da pirâmide enquanto árbitro. Por outro lado, a responsabilidade que isso implicava, o significado de representar a arbitragem portuguesa no estrangeiro e por último, as expectativas e os sonhos criados…o primeiro curso da UEFA, o primeiro jogo…os grandes estádios e competições.
Como foi o 1º jogo internacional? E o último?
O meu primeiro jogo internacional foi no dia do meu aniversário (26/04/1996) – Fase Final do Campeonato Europa de Sub-16 – Áustria – jogo Grécia – Alemanha. O último jogo oficial foi nos oitavos de final EUROLEAGUE, FC Twente – Werder Bremen. A nível internacional acabei a minha carreira no Catar, país que me trouxe gratas recordações a todos os níveis e onde partilhei com colegas, alguns dos melhores momentos da minha carreira desportiva.
Qual considera o melhor jogo que arbitrou?
O jogo que mais gostei de arbitrar foi a Final do Campeonato do Mundo Sub-17 em Trinidad&Tobago – Nigéria – França.
Não considerava a hipótese de chegar tão longe na competição e quando passei à segunda fase e depois à noticia…foi marcante!
Qual foi o momento que marcou a sua carreira?
Foram vários. Desde os vinte seis clássicos do futebol português que dirigi, os mais de cem jogos que envolveram os três grandes, Campeonato Europa Sub-16, Euro 2004, Taça das Confederações, jogos na Champions League, os três convites para dirigir jogos na Liga Catar, os dois meses que passei no Japão a convite da J-League, Arábia Saudita e Ucrânia e a Final do Campeonato do Mundo Sub-17.
Tem algum episódio caricato?
Houve um episódio no 1º Curso da UEFA – Sevilha que me marcou em termos pessoais e de arbitragem. Como bons latinos e habituados a alguns facilitismos em termos de horários, eu e o meu amigo Victor Esquinas Torres, árbitro espanhol também estreante naquelas andanças chegámos alguns minutos (quatro) atrasados à apresentação do Curso. Do alto do palanque o Sr. Johannes Malka, vice-presidente, na altura, do comité de árbitros da UEFA, com a sua voz meio rouca e o ar típico da cultura germânica, perante uma sala cheia de árbitros, técnicos e membros do comité, perguntou-nos se “precisávamos da oferta de um relógio da UEFA?” Confesso que fiquei sem palavras….imóvel e sem reacção!
João Capela é um substituto à altura?
O João é um árbitro dedicado e esforçado. No actual quadro, mereceu a entrada no grupo dos internacionais. Com estas características e apoiado pelas pessoas certas tenho a convicção que será um embaixador da arbitragem portuguesa.
Pode Portugal sonhar com mais uma equipa portuguesa no EURO 2012?
Depende. A história indica-nos que a escolha irá ser restrita a um trio por país no limite de doze/treze. Com aposta da UEFA da figura ”árbitros adicionais” é provável que sejam necessários, alguns, recursos adicionais, especialistas na função.
Com a presença de dois árbitros de topo no grupo elite da UEFA é expectável que um deles tenha a felicidade de estar presente no EURO 2012.
O que mudava na estrutura da FPF, nomeadamente na arbitragem, para uma melhor captação de árbitros, por exemplo para futuros internacionais?
Há muitos anos que defendo que a arbitragem portuguesa necessita de uma revolução, ainda que tranquila, a todos os níveis.
Os árbitros vão evoluindo, trabalham mais, dispõem de outros conhecimentos, são mais exigentes porque têm outras expectativas, formação académica e pessoal. O problema reside nas estruturas dirigentes, baseadas como no passado no amadorismo voluntarioso.
Em concreto é fundamental a criação do perfil de árbitro internacional levando em linha de conta os aspectos do mérito, idade, performances, níveis físicos, experiência, potencial e os conhecimentos de línguas estrangeiras, nomeadamente o Inglês. Por outro lado é imprescindível a nossa entrada nos órgãos decisores da UEFA/FIFA.
Deixo para reflexão a seguinte questão: Na passagem aos quadros da FIFA, qual é o motivo que nos leva a integrar o nível mais baixo da UEFA (nível quatro) comparativamente a uma série de países que entram directamente para o nível três?
Numa carreira internacional cada vez mais curta e exigente, cuja afirmação surge ao fim de quatro/cinco anos este aspecto torna-se deveras importante na medida que concorremos com árbitros extremamente jovens e outros que à partida partem com dois anos de avanço porque entram directamente para o terceiro nível.
Uma mensagem para todos os árbitros portugueses.
Deixo duas mensagens que deverão guiar-nos ao longo da n/ carreira:
RESPEITO – colegas, ex. colegas, dirigentes, observadores e restante estrutura da arbitragem.
“ESPEREM O VOSSO TEMPO”. A arbitragem é uma linha de caminho de ferro com várias estações e nós estamos numa delas. O comboio vai lá parar de certeza absoluta e nesse dia não o deixem partir…aproveitem a oportunidade…sentem-se confortavelmente…e se porventura tiverem um companheiro de viagem, alguém, mais experiente, retirem os devidos ensinamentos que vos possa proporcionar.
Forte Abraço,
Lucílio Baptista
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