sexta-feira, 1 de julho de 2011

“UM BOM ÁRBITRO, HÁS VEZES TEM UM OLHO QUE NÃO VÊ OU OUVIDO QUE É SURDO”, António Matos

É a grande entrevista com o Presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Algarve. Em jeito de balanço da temporada que agora foi encerrada, António Coelho Matos fala sobre os temas quentes da arbitragem no Algarve. Para dentro deixa o conselho aos árbitros que têm que trabalhar sempre mais, e para fora transmite as dificuldades que é estar por dentro do mundo dos senhores do apito.

ArbitragemAlgarvia(AA): Qual é o balanço que faz da temporada que agora terminou, em termos distritais?
António Matos(AM): Considero um balanço positivo, tendo em conta que o trabalho desenvolvido semana a semana concerre ás arbitragens, com as alterações constantes de convocações da FPF, retirou alguns elementos das nossas provas principais de 1ª e 2ª Divisões e Juniores, obrigando a um esforço de utilização de recursos.


AA: Acha que os árbitros correspôndem ao esforço feito pelo Conselho de Arbitragem?
AM: O Conselho de Arbitragem no principio da Época elabora o seu programa ás Acções de Formação, testes escritos, físicos, testes de internet, procurando que os árbitros tenham todas as condições de apresentarem as suas capacidades que são avaliadas para classificação. É evidente que vão sobressaindo aqueles que fazem o trabalho de casa, preparação física, leitura das leis de jogo e constante vontade e gosto da modalidade.

AA: Qual o seu balanço em relação ao desempenho dos árbitros algarvios que pertencem aos quadros da F.P.F ?
AM: Na Época de 2010-2011 o desempenho dos nossos árbitros, árbitros assistentes e observadores primaram uma conduta a todos os títulos, louvável, tanto mais que tendo em linha de conta as enormes dificuldades surgidas, com problemas de solução para trios, face a todo o género de incempatibilidades, houve uma enorme força de querer e vencer, daí o final de época apresentar uma percentagem bastante significativa nas classificações.
António Matos com Ricardo Martins e Carlos Cabral (os 2 novos árbitros da FPF)


AA: Considera este ano um ano de glória da arbitragem algarvia, visto todos os resultados desta época?
AM: Como é evidente, considero uma ano glorioso, situação que demonstra a boa qualidade dos nossos árbitros, árbitros assistentes e observadores, quer na vertente de futebol ou na de futsal, os quais colocam o Algarve numa situação invejável.
Não será demais referir que numa época conseguirmos 3 primeiros lugares, será um facto inédito, difícil de repetir talvez, mas a vontade dos homens tudo domina.
É de salientar outro facto que muito contribui para um ano de curso, a subida simultânea de 2 candidatos ao nacional.
Para a historia fica a nossa glória, do que se tem pelo Algarve na arbitragem e na nossa Associação.

AA: Por vezes, critica-se muito por causa das nomeações dos árbitros nos jogos da AFA. Não é verdade?
AM: As criticas sempre foram e serão conclicionados pelos resultados obtidos no campo, porque quando o mesmo árbitro que é elogiado na vitória é responsável pela derrota.

AA: Qual o critério que o CA adoptam para essas mesmas nomeações?
AM: O critério de nomeações está sempre condicionado á disponibilidade do efectivo.

AA: Como é que o Conselho de Arbitragem tem lidado com as críticas à arbitragem?
AM: Na qualidade de Presidente e considerando porque assim o entendo a longa experiência de arbitragem, não dou muito valor ás criticas feitas aos nossos árbitros regionais, uma vez que nas transmissões televisivas de futebol da 1ªliga e até nos jogos internacionais, os árbitros que são os melhores, também sofrem as mesmas considerações desabonatórias, logo sou eu que pergunto: onde é que estão os critérios de avaliação, ou não será que a qualidade do futebol que se pratica esta em conformidade com o nível de juízes de campo de cada categoria de competição.

AA: Acha que o Algarve a curto/médio prazo tem capacidades para colocar mais um árbitro na 1ª categoria?
AM: O Algarve tem de momento uma geração de árbitros que estão lutando por esse fim e, atrás uma outra geração com longo futuro, no entanto existe um trabalho muito serio e rigoroso a fazer para alcançar essa meta, que não é fácil, haveria inclusive que mudar a estrutura de captação a nível da FPF.


António Matos no aniversário NAFB
AA: Na sua opinião qual tem sido a evolução do sector do futsal no Algarve?
AM: Penso que o Futsal no Algarve veio dinamizar muitas colectividades que não tinham vida desportiva muito activa, bem como criar nos clubes que praticam o futebol, uma nova forma de encarar a existência da oportunidade de escolha, na mudança, por quando já começa a notar-se a chamada CRISE SOCIAL DESPORTIVA, por falta de ajuda financeira das entidades. Já não chega só a corolice, e na existência da falta de meios o futsal tem o futuro mais risonho.

AA: Um dos problemas que tem vindo a afectar a arbitragem, não só a distrital, mas também a nível nacional, é a questão das fiscalidade. Como é que esse problema está a ser acompanhado pelo Conselho de Arbitragem?
AM: Penso foi graças á realização do curso de árbitros de 2008-2009, um sonho de 22 anos, debatido pelo actual Presidente do Conselho de Arbitragem em reunião de Conselhos na Federação Portuguesa de Futebol, que veio ao de cima o grande problema de fiscalidade. O curso foi o maior de todos os tempos no País, com participação de muitos jovens que aderiram ao mesmo, demonstrando que era possível aumentar os Quadros Regionais. Na pratica porém, a fiscalidade eliminou este evento, dado ir mexer nas bolsas de estudo e até nos abonos de família dos pais, assim foi com tristeza que vemos partir os nossos JOVENS ÁRBITROS, bem como alguns de maioridade que usufruíam de subsídios de desemprego. Alarmámos as forças vivas do futebol e felizmente neste momento respiram-se novo ar, já será possível os jovens regressarem! E teremos que dar vida a um novo curso. Este é o nosso melhor acompanhamento á fiscalidade, mas cabe dizer, fomos heróis.

AA: Tem referido que cada vez mais é difícil captar novos árbitros. Porque é que isso acontece?
AM: Creio que a resposta anterior servirá de nossa defesa, no entanto acresce agora dizer: cada árbitro tem de trazer um novo árbitro.

AA: Acha que hoje em dia os árbitros ainda são vistos como os maus da fita dentro do teatro do futebol?
AM: Se considerarmos que o futebol é um teatro, o árbitro deverá ter uma actuação que deixe o publico satisfeito e vamos lá, o artista é que dá vida e torna belo espectáculo.

AA: O seu trabalho como presidente do CA tem sido, de uma maneira geral elogiado. Está contente com o seu desempenho?
AM: Se os filiados estão agradados, então terei que contribuir, cada vez mais, para que a causa que nos une, seja mais dignificada.


AA: Agora que terá mais um mandato pela frente, apesar de já ter alguns anos à frente do CA, o que espera fazer ainda em prol da arbitragem algarvia?
AM: Há muito para ser feito, temos uma geração de jovens valores de árbitros que estão lutando para conseguir atingir a meta da sua carreira. É necessário conseguir alterar pontos de defesa, o Regulamento de Arbitragem. Também queremos equacionar um melhor relacionamento com civismo e cuidados necessários, a defesa e protecção, quando justificada, dos nossos árbitros, perante outros órgãos com poder de decisão. É necessário que haja ainda também um salutar entendimento com directores de clubes, para equilíbrio das formas de olhar com alguma vontade, os nossos árbitros.
Os anos são um factor positivo, para corrigir aquilo que poderá ser melhorado, para um melhor futuro, a vontade de querer mais na causa que se defende e pertence a outros, desde que haja lucidez, estará sempre a olhar um horizonte, dirigindo o barco e fugindo ás tempestades, para águas calmas, levando a bom pôrto, os tripulantes. Há sempre muito para fazer e parar seria morrer.


AA: Que mensagem deixa aos árbitros e o que gostava que mudasse na sua actuação ?
AM: Que fossem mais competitivos nas suas leituras das leis e na sua preparação física. Que actuassem com um rigor disciplinado, imparcial e consciente, de forma a merecerem o respeito e louvor de jogadores e assistentes. Que fossem humanos e sensíveis nos momentos, em que têm de ajuizar com o poder que a lei lhes confere, distinguindo com toda a nitidez a realidade, separando o involuntário do propositado. Nem sempre o que parece é, e já agora nunca é demais saber utilizar as manhas da velhice “UM BOM ÁRBITRO, HÁS VEZES TEM UM OLHO QUE NÃO VÊ OU OUVIDO QUE É SURDO” ajuda muito a levar um jogo até ao fim e todos saem felizes.
A razão é um bem precioso, é necessário o árbitro ter muita razão para que do seu lado esteja sempre a razão.

Com os melhores cumprimentos ao BLOG ARBITRAGEMALGARVIA, numa força viva ao serviço de utilidade para os Árbitros do Algarve.

António Coelho Matos

Desde já a administração do ARBITRAGEMALGARVIA agradece a disponibilidade do Presidente para esta entrevista e deseja-lhe as melhores felicidades quer a nível desportivo quer pessoal. Igualmente deixamos uma palavra de agradecimento pelo trabalho que tem desenvolvido em prol da causa e da maneira que nos acolhe diariamente, sempre disponível para nos ajudar.

Um Abraço,
A Administração

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