Estar inserido no seio da arbitragem de futebol é conviver num mundo com particularidades e susceptibilidades que desconhecemos à partida, e com as quais nos vimos mais tarde a surpreender.
Entrar para esta família é sinónimo de ganhar experiências pessoais e crescer.
Quando, geralmente jovens, aderimos a esta causa naturalmente conhecemos algumas pessoas do meio, embora com a maior parte não tenhamos ligação pessoal, e começamos a travar amizades com os que acompanhamos nos primeiros jogos.
Os jogos sucedem-se e cada vez estamos mais integrados na função e nas relações. Passado algum tempo ouvimos algures um dos nossos, um qualquer "velho do Restelo" dizer em tom de brincadeira «o árbitro é o pior inimigo do árbitro», e de imediato discordamos totalmente. E fazemo-lo porque julgamos que a tal família é unida e coesa. Mas será que esta realidade existe, nesta ou noutra qualquer família tradicional? Creio que não.
Os árbitros correm pelos seus objectivos, querem chegar ao fim da prova e cortar a meta em primeiro. Ou chegar ao fim de semana e ter o melhor palco para actuar.
Sentimentos como a frustração pelo objectivo perdido, como o desapontamento pela nomeação não desejada ou insegurança por não saber uma classificação são normais, estão estudados e são uma realidade. São portanto aceitáveis.
Todavia outras coisas há que são completamente descabidas, por vezes existem ambições desmedidas que trazem situações menos bonitas e que por arrasto magoam os intervenientes. Nem sempre os fins justificam os meios!
Uma vez que estamos a recomeçar uma nova época, tivemos todos tempo para uma reflexão pessoal, lutemos então para unirmos o nosso sector. A esperança é sempre no amanhã, fantasiando que a presente geração de árbitros (rejuvenescida) se venha a verificar, nestes parâmetros, bem melhor que as suas antecessoras. A expectativa é sempre elevada.
Dinis Gorjão
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