terça-feira, 19 de outubro de 2010

Paulo Costa em entrevista ao ArbitragemAlgarvia


O Ex-Árbitro Internacional Paulo Costa, actual monitor da FPF e presidente da comissão deontológica e disciplinar da APAF, aceitou conceder uma entrevista em exclusivo ao ArbitragemAlgarvia.

Nome: Paulo Manuel Gomes Costa
Profissão: Gestor de Empresas
Idade: 45

Qual o melhor momento que viveu na arbitragem?
Paulo Costa (PC): Foram todos os grandes jogos e com os estádios cheios de gente entusiasmada, tanto em Portugal como no estrangeiro.
Estar no Hotel antes do jogo e, por exemplo, ver e ouvir o ruído, o movimento e a loucura dos adeptos do jogo, é uma sensação única de sentir o ambiente pré-jogo do nosso próprio jogo. Isto é um dos mais gratificantes prazeres de um árbitro. E isso aconteceu-me tanto nas finais da Taça de Portugal, como em vários países do mundo.

Para si qual foi o foi o melhor jogo que arbitrou na sua carreira?
PC: Não consigo escolher apenas um, porque há alguns grandes jogos que terminaram com o sentimento do dever cumprido e carregados de grandes emoções, fruto do espectáculo das quatro linhas e do espectáculo envolvente ao jogo.

Qual foi a sua melhor classificação de sempre?
PC: Na arbitragem, o 1º lugar na 2ª divisão nacional e na 2ª divisão distrital. E o 2º lugar na 1ª divisão nacional e 1ª na divisão distrital.

Se fosse hoje voltaria a inscrever-se no curso de arbitragem?
PC: Sim, sem qualquer tipo de dúvida. Apenas alteraria a data de inicio, porque iniciei aos 19 anos e hoje fazia-o aos 17 anos.

O Paulo foi Árbitro Internacional, visto isto considera que lhe faltou conquistar alguma coisa?
PC: Não. Não me considero muito saudosista ou perfeccionista, muito menos um ambicioso desmedido. Considero mesmo que cheguei onde inicialmente não ambicionava, fui durante 3 anos árbitro da elite da UEFA e fiz uma final europeia, mas o que mais recordo são os grandes ambientes futebolísticos que vivi pelo mundo fora. Portanto, sinto-me muito bem com a vida e com a minha carreira internacional.

Como tem visto a arbitragem nacional no inicio desta época e as polémicas em torno da arbitragem?
PC: Exceptuando as anunciadas conferências de imprensa da arbitragem da Liga, tudo o resto transmite a sensação de “déjà vu”.

Na sua opinião o que falha na arbitragem nacional?
PC: Não se pode colocar os factos dessa forma tão manifesta. Na arbitragem há carências a vários níveis que qualquer agente da arbitragem com poucos anos de actividade os reconhece. Então, essas áreas necessitam de investimentos apropriados, que passam por uma política reformista e de audácia.

Qual a sua opinião sobre a profissionalização da arbitragem?
PC: É um processo irreversível em Portugal, tanto mais que só na Europa, mais de uma dúzia de países tem árbitros profissionais. Portanto, esta pergunta no futuro tem que ser reformulada, e questionar-se apenas a profissionalização em Portugal.

Qual a sua opinião acerca da introdução das tecnologias no futebol?
PC: Tudo que favoreça os árbitros e o futebol em particular deve ser muito bem aceite, desde que não estrague este Jogo fantástico que nos apaixona.
As bandeiras “bip” e o sistema de comunicação áudio, não são tecnologia introduzida no futebol?

Considera que a formação dos árbitros esta a acompanhar a evolução do futebol?
PC: Infelizmente não! Caminha-se em velocidades distintas e a distância acentua-se com enorme prejuízo para os árbitros e para a sua boa imagem. Este é um dos sectores que todos concordam, que carece de um enorme investimento.

Esteve presente na Acção de Formação e Aperfeiçoamento dos árbitros da Elite e 1ªCategoria “A” da AF Algarve, o que lhe levou a aceitar este convite?
PC: Curiosamente, um conjunto de circunstâncias levaram-me a fazer mais de 1000 km para partilhar alguns momentos de trabalho no Algarve. E destaco, o facto de ter a obrigação de retribuir á comunidade da arbitragem muito daquilo que ela me ofereceu, e os conhecimentos devem ser partilhados, é uma obrigação social. Também senti o desejo profundo da arbitragem algarvia investir em formação para melhorar a qualidade dos seus árbitros e consequentemente, que o grupo globalmente atinja outros patamares de responsabilidade desportiva. Por ultimo, destaco a circunstancia da AF Algarve ter a conduzir os seus destinos pessoas que almejam contribuir para o desenvolvimento do futebol nacional e da arbitram em especial, de onde destaco uma nova geração de dirigentes de que o país futebolístico está tão carenciado, digo, o Presidente da Assembleia Geral e o Presidente da Direcção.

Qual a primeira imagem que teve dos árbitros algarvios?
PC: Jovens simpáticos, abertos à aprendizagem e de bem com a vida.

Que projectos ainda tem para a arbitragem? Sabendo que tem cargos na FPF.
PC: Estou fora da pressão mediática da ribalta do futebol, ao fim de 25 anos de carreira, o que me está a dar oportunidade para outras experiencias de vida. A minha actual responsabilidade na arbitragem prende-se apenas com a presidência do Conselho Disciplinar e Deontológico da Apaf. Quanto ao futuro, e porque sou um homem da arbitragem, estarei disponível, só e somente, para um qualquer projecto de arbitragem, se os árbitros necessitarem e o solicitarem.

ArbitragemAlgarvia agradece ao Paulo Costa a disponibilidade e um grande bem haja por ter aceite esta entrevista.

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