Cartões, apito e até bandeirola. Boas decisões, erros disciplinares, deslizes técnicos e, maioritariamente, palpites que ora acertavam, ora saíam ao lado. Por um dia foi assim, para 20 bravos jornalistas. Os profissionais da comunicação social que responderam ao convite da Liga de clubes para participar na 3ª acção de formação em arbitragem para jornalistas e comentadores desportivos, que decorreu este sábado, no Luso, fizeram aquilo que se pede habitualmente a qualquer árbitro: o melhor que sabiam. Pelo meio, e essa é a parte que interessa, puderam esclarecer dúvidas, esbater ideias erradas e perceber um pouco mais sobre o trabalho de um árbitro de futebol.
Toda a acção foi coordenada pela Comissão de Arbitragem (CA) da Liga, que decidiu começar o encontro com uma espécie de teste de diagnóstico. Uma aferição de conhecimentos e, ao mesmo tempo, um debate de ideias, ilustrado por 14 lances de jogo exibidos em vídeo. E a utilização do termo «debate de ideias» não vem por acaso. Como o próprio presidente da CA referiu no balanço final da actividade, a arbitragem está longe de ser uma ciência exacta, dando azo a diferentes interpretações, sempre com as regras de jogo como pano de fundo.
Mas nem só de interpretação e aplicação de regras se fez a acção de formação. A rotina de um árbitro foi exposta, desde o treino à preparação de um jogo. Artur Soares Dias, árbitro da 1ª categoria, foi um dos oradores da tarde, explicando que a missão de um árbitro num jogo de futebol vai muito para além do simples ajuizar do desafio. A ideia de quem um árbitro apenas se prepara fisicamente antes de dirigir um encontro é para esquecer. Soares Dias mostrou a sua própria base de dados, onde armazena informações detalhadas sobre todas as equipas da I e II Liga, desde os melhores marcadores, onzes mais utilizados, características do treinador e curriculum disciplinar dos jogadores. Na prática, o que o árbitro quis mostrar é que é fundamental estar preparado para o que vai acontecer no jogo. Jogar na antecipação, por assim dizer.
Quando dois braços não chegam para explicar o que se quer
Depois da sala, o campo. O cheiro da relva para colocar em prática um ou outro dote mais escondido. Mesmo com duas equipas formadas por juniores, os «novos árbitros» sentiram a pressão do momento. Cartões que afinal não eram, assistentes esquecidos esbracejando com a bandeirola no ar, apitos que ameaçavam causar mossa nos tímpanos alheios...
Pelo meio, muitas decisões correctas, foras-de-jogo bem tirados, penaltys bem assinalados. Mais uma estranha, mas justa, expulsão de um treinador e um ou outro movimento de braços a dar a entender que, entre apito, cartões e linguagem gestual, por vezes dois braços não chegam. Tudo somado e o segundo desafio estava superado. Faltava apenas o teste final.
Uma espécie (e nada mais que isso) de jogo de futebol
Tudo se decidiu...num jogo de futebol. Bola a rodar, jornalistas de um lado, árbitros do outro. Pelo menos na teoria, já que lesões, castigos e viagens de regresso mais apressadas impediram alguns dos profissionais da comunicação social de mostrar as últimas fintas inventadas.
O encontro foi dirigido por um trio de arbitragem de jornalistas que, entre um ou outro lapso motivado por uma inexplicável pressão levada a cabo pela equipa dos homens do apito, acabou por sair com nota positiva. O resultado? Um empate, defende o Maisfutebol. Que não deu para somar apenas um, mas vários pontos na relação e compreensão entre profissionais do apito e da comunicação.
In: MaisFutebol
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