O site de arbitragem RefereeTip.com e o site institucional da APAF - Associação Portuguesa de Árbitros de futebol iniciaram recentemente uma parceria online intitulada “10 Questões a…”.
Nesta rubrica, comum aos dois websites, convidamos semanalmente uma personalidade a responder a 10 questões relacionadas com a arbitragem.
Esta semana convidámos o árbitro Português de futsal, o mais internacional, António Cardoso a falar sobre a sua carreira e a dar a sua opinião sobre o futebol e arbitragem em Portugal.
ANTÓNIO CARDOSO
1. O António Cardoso foi o mais destacado árbitro de futsal em Portugal. Como foi o seu percurso na arbitragem até chegar ao “topo”?
R1. Presumo que é de percepção global e pacífica, se afirmar que numa carreira já longa – atentando não só ao número de anos, mas e acima de tudo, ao empenho e disponibilidade empregues – tardaríamos a descrevê-la quase tanto como levámos a vivenciá-la! Contudo e em “três penadas”, foi o que atrás referi… empenho, disponibilidade e uma avidez tremenda de aprender, de conhecer, de absorver de outros, que me pudessem aportar engrandecimentos vários!
2. O futsal sempre foi a primeira opção? Quais as principais diferenças entre apitar futsal e futebol de 11?
R2. Não era, até porque na altura, o então futebol de 5 era algo de enigmático, como tal, algo que nos ocupava, em regime subsidiário. No entanto, desde o momento da minha opção, é o meu estandarte mor! Quanto às diferenças, pois elas existem e são bem vincadas! Levaríamos uns pares de horas ou dias a assentar considerandos e não concluiríamos! Mas jamais aceitarei que nos apouquem – e isso ainda acontece, por algumas “estrelinhas” do futebol – no que respeita ao grau de dificuldade e relevância!
Teremos, por certo, terrenos mais férteis para desenvolver o nosso trabalho de forma mais tranquila – creio existir no futsal um superior índice intelectual – existe também uma menor exposição mediática, enfim, um sem-número de coisas que nos ajudam, se falamos em termos de competições de elevado rendimento! Mas até lá chegar, escutemos o povo, “comemos o pão que o diabo amassou”, de feição idêntica! E concluindo, dentro do campo de jogo, onde tudo se torna mais simples e puro, até acho que o futsal é significativamente mais complexo…
3. Terminou a carreira de árbitro internacional por limite de idade. Na generalidade concorda com os 45 anos como idade limite para se poder estar no activo?
R3. Terminei, enquanto Árbitro FIFA! Por cá, a nível doméstico, vou dando o melhor de mim, enquanto puder e me quiserem! Concordando ou não, achando ser ou não um processo discriminatório, tenho que viver com essa realidade! Seria objecto de discussão prolongada, na perspectiva de que haverão inúmeros e válidos argumentos, de cada lado da barricada…
4. Ainda se sentia em condições físicas e mentais para continuar a dirigir jogos ao mais alto nível?
R4. Dentro do campo, inteiramente! Essa tarefa é aliciante e gratificante, mormente a nível externo! Não pela competição, em si, mas pela envolvência e pelo nosso enriquecimento!
5. Quais as melhores recordações que guarda destes 16 anos com árbitro? Quais os momentos mais marcantes?
R5. As melhores recordações prendem-se com tudo o que fui conseguindo, dentro dos campos de jogo, dos sucessos que alcancei! Ter sido o melhor árbitro do Mundo em 2007 e 2008, ter dirigido 219 jogos Internacionais, dos quais se destaca a presença em 4 Camp. Europa (3 Semi-finais e 1 Final), 1 Camp. Mundo (Semi-final), 3 Finais de Taças Campeões Europeus, entre outras grandes competições, ter sido escolhido para 9 finais de Taça de Portugal e para a esmagadora maioria das grandes decisões internas, são de facto óptimas recordações. Mas fundamentalmente por não ter ficado, nunca, ligado a nenhuma dessas decisões.
6. Que análise faz do momento presente da arbitragem de futsal em Portugal? E perspectivas futuras?
R6. Diz o povo, do alto da sua magna sapiência, que “o futuro a Deus pertence”… Quanto à análise que me pede, prefiro calar a minha opinião, deixando aos afectados, a liberdade de intuição, tendo o meu silêncio como ponto de partida!
7. Como vê o actual estado geral da arbitragem portuguesa? (recrutamento, formação, organização/estrutura e qualidade dos árbitros)
R7. Tanto por fazer e tantos recursos desperdiçados, no nosso quotidiano… Mas reitero o que disse minutos antes, prefiro calar as minhas acepções!
8. A curto prazo a arbitragem portuguesa deverá passar a ser gerida por um só órgão, deixando de estar dividida entre LPFP e FPF. Qual o perfil que traça do presidente desse Conselho de Arbitragem unificado? Que nomes se enquadram, a seu ver, nesse perfil?
R8. Tenho sempre fundadas expectativas, em tudo o que se reporta à evolução da arbitragem e este aspecto, presumo que é desejo universal, enquadra-se no quadro referido! Perfil do presidente… Entendo que terá que ser forçosamente um líder natural, competente, independente, democrático! Aliás, na marcha inexorável dos tempos, urge reflectir e desprender essa escolha, por quem de direito, dos interesses instalados!
9. Vai manter-se ligado à arbitragem? Em que funções e quais os desafios/objectivos a que se propõe?
R9. Apesar de poder responder com relativa objectividade, entendo ser prematuro. Direi apenas que sempre atingi o que queria dizer o poeta quando escreveu “…não sei p’ra onde vou, mas sei que não vou por aí!”! E desafios e objectivos, são normalmente os alicerces das pessoas de Bem, honestas, desprendidas e altruístas! Numa perspectiva de democraticidade e mérito, tantas vezes esquecidos…
10. Que questão nunca lhe colocaram mas à qual gostaria de responder?
R10. E se lhe permitissem mandar no Mundo, um dia só que fosse, que faria?
E a minha resposta seria… agir e acabar com tudo aquilo que atenta contra os valores humanos; cercear tudo o que provoca as assimetrias da humanidade; e encarcerar quem não entendesse e tentasse opor-se a isto, como fundamental!
In: RefereeTip/Apaf (Rúbrica 10 Questões a...)
0 comentários:
Enviar um comentário