sábado, 30 de julho de 2011

Crónica: Orgulho de primeira

O Algarve volta a ter um árbitro na primeira categoria nacional (Nuno Almeida), após quatro anos de vazio, e importa, neste momento de particular regozijo para o sector, viajar um pouco no tempo, recordando outros “homens do apito” que fizeram a história da arbitragem da nossa região.

O farense Rosa Nunes foi o pioneiro e obteve reconhecimento não apenas a nível nacional como também além-fronteiras: foi o primeiro árbitro algarvio da categoria máxima e também o primeiro internacional da região, dirigindo vários jogos das grandes estrelas dos anos 60, como o alemão Beckenbauer, em tempos em que uma viagem até Lisboa, para dirigir uma partida, demorava quase um dia inteiro, uma vez que as vias de comunicação estavam longe do que são hoje, e uma deslocação ao estrangeiro arrastava-se por vários dias, devido ao reduzido número de ligações aéreas.

César Correia, de S.Brás de Alportel, seguiu-lhe as pisadas e também não se contentou com a ascensão à primeira categoria, chegando a internacional, naquela que é unanimemente reconhecida como a mais brilhante carreira de um árbitro algarvio, com uma presença num Campeonato do Mundo de Juniores a constituir, porventura, o ponto mais alto desse notável percurso, que incluiu várias outras nomeações relevantes. Encerrada a carreira, desempenhou ainda, e até há bem pouco tempo, diversas funções nos mais variados domínios ligados à arbitragem. Em tempos conturbados, os anos 70, o olhanense Manuel Poeira marcou uma época com o seu estilo desassombrado, não se coibindo de manifestar a sua opinião e de tomar atitudes contra o situações que entendia violarem a sua consciência ou serem prejudiciais ao futebol. Por isso mesmo faltou a um jogo entre o Benfica e o Sporting, provocando acesa polémica, da qual acabaria por resultar o seu afastamento da arbitragem, numa altura em que era unanimemente reconhecido como um dos melhores juizes de campo do país.

Já nos anos 80, Francisco Silva, de Alvor, teve uma ascensão notável num curto espaço de tempo e chegou à primeira categoria e, depois, a internacional, acabando, no entanto, por ver-se envolvido num caso que ficou conhecido como “Penafielgate”, o qual levou a um processo que conduziu ao fim precoce da sua carreira.Sensivelmente no mesmo espaço temporal, José Filipe, de Portimão, marcou uma época não apenas pelo brilho que a sua carreira conheceu, chegando à primeira categoria nacional, mas pela importância que teve – e ainda tem – na formação de novos árbitros, contribuído para o aparecimento de muitos jovens talentos.

Surgiriam depois, na primeira categoria, os vilarrealenses José Rufino e Andrelino Pena, dois representantes do extremo leste do Algarve com bons percursos na arbitragem, a que lhes sucedeu o conterrâneo Nuno Almeida, agora de regresso a um patamar em que já marcara dantes presença. Espera-se e deseja-se que  este retorno seja assinalado com o maior sucesso possível.

Armando Alves

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