quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Lucílio Baptista: «Falta de árbitros profissionais é um desrespeito ao futebol»


O ex-árbitro internacional, Lucílio Baptista, afirmou esta tarde, na apresentação da Gala dos Campeões (jogo que irá colocar frente a frente as duas selecções campeãs do Mundo sub-21 de 1989 e 1991), na Costa da Caparica, que o facto de não haver árbitros profissionais no futebol é um desrespeito à competição.

«Não é possível, e isso acontece ainda hoje embora não interesse a quem, um árbitro ter um jogo à segunda-feira à noite e no dia a seguir de manhã terem que estar no seu local de trabalho, como aconteceu comigo durante muitos anos. Isso é desrespeitar uma competição. A profissionalização é um caminho irreversível.»

A declaração foi feita no seguimento das palavras do presidente da FIFA, o suíço Joseph Blatter, que dá conta da vontade do máximo organismo mundial do futebol ter já no Mundial de 2014 árbitros profissionais na competição que irá decorrer no Brasil

«Não me surpreende. Há um projecto que tenho conhecimento em que a FIFA estuda a presença de árbitros cada vez mais jovens, fruto do sucesso que foi o árbitro do Uzbequistão [n.d.r.: Ravshan Irmatov, que apitou cinco jogos no Mundial da África do Sul], tal como do Viktor Kassai, da Húngria, que são árbitros extremamente jovens. A FIFA pretende diminuir as idades dos árbitros. É uma boa medida da FIFA. Em Portugal, infelizmente, sofreu-se um pequeno retrocesso. Digo infelizmente porque já há muitos anos que o defendemos. Não é possível que numa indústria como é a do futebol haver jogadores, treinador e até dirigentes profissionais e os árbitros serem os únicos amadores.

Lucílio Baptista lamenta que em Portugal as coisas demorem a resolver-se, apesar de ter havido alguns desenvolvimentos com vista à profissionalização dos árbitros portugueses. «De repente voltou-se à estaca zero porque falta legislação. O caminho para a profissionalização pura não é pacífico, mas julgo que este modelo que temos é o fim. Não dá mais».

O ex-árbitro internacional não culpa directamente Vítor Pereira pelo atraso no caminho a trilhas, mas sim o poder político e a classe de dirigentes do futebolpor não encontrar a forma de cimentar o profissionalismo ou algo de semelhante.
in:ABola

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