segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Psicologia do árbitro (final)

O último capítulo da epígrafe acima, elenca o ponto de partida para um treinamento psicológico para árbitros, que deve se pautar na análise de como se produz um conflito, para se obter resultados concretos em sua atuação diária.

Como se produz um conflito: Os problemas que geralmente dão vazão a conflitos podem ser analisados da seguinte forma (problemas relevantes):

* diferença de percepção e avaliação do ocorrido;
* distinta concepção e interpretação de um mesmo caso.

A diferença dos objetivos faz com que a percepção esteja influenciada permanentemente por estes fatores. Cada um deles tem, de acordo com a sua função e o grau de identificação/grau de responsabilidade com uma situação, uma distinta percepção. O que em psicologia se denomina "percepção subjetiva" não é nada mais do que uma forma de "enganar a realidade".

Uma situação de conflito se produz sempre de acordo com o seguinte esquema: o árbitro intervém em uma determinada constelação, na equipe, o seu técnico, o público etc.., que se mostram atacados, pois consideram que tal intervenção os prejudica. Por isso protestam, e o árbitro, de acordo com entendimento de Heisterkamp, de 1982, reaciona, por sua vez, diante deste protesto, como abaixo pode desenhar-se como um círculo:

Os árbitros devem aprender a conviver, e ser capacitados a conviver, com este tipo de situação e por sua vez estar preparado para antecipar-se, e sair dela sem entrar em situações de conflito que prejudiquem ainda mais a sua tarefa (treinamento de percepção e de psicoregulação).

O árbitro não deve permitir que um óbice simples crie uma situação desfavorável, ou leve, por outro lado,a encerrar-se em um círculo vicioso onde seja necessário punir cada vez com maior rigor, desvirtuando a finalidade do espetáculo. A missão do árbitro de futebol é conduzir a partida a bom término, sem prejudicar as partes envolvidas. Deve, por exemplo, ter-se em consideração, diante do protesto de um atleta, explicitar contemplação diante de uma reação de um treinador (treinamento de autocontrole), mas sempre levando a situação dentro dos princípios da ética. Nunca reagir com autoritarismo exagerado diante de cada reação e/ou protesto: sempre que estes forem toleráveis, deverá ter contemplação e, por sua vez, ser educador nesta situação. Não punir o infrator só por demonstrar seu desagrado, ignorá-los, "fazer-se de surdo", tranquilizá-lo com um gesto de compreensão, ou até mesmo com um sorriso. Mas em caso de escapar à ética ou serem reações agressivas, punir peremptóriamente, de forma incontinenti, severa, sem dar margem a que o conflito se generalize. É de fundamental importância que se mantenha a calma, como assim, nessas situações aparecer como "donos" da mesma, valendo-se do regulamento, sem utilizar gestos agressivos e/ou confusos. Desta forma, pode ser evitada a generalização do conflito que deteriora o espetáculo e prejudica a imagem do árbitro.

As exigências físicas, técnicas, táticas e psicológicas que caracterizam o esporte de alto rendimento induzem uma modernização nos critérios a ter em conta durante o processo de ensino-aprendizagem para a formação de árbitros. O conteúdo temático do processo formativo deverá incluir uma educação teórica e prática equivalentes , uma vez adaptadas às exigências da cada esporte específico. A tarefa deve ser assumida nos distintos campo de ação. Nós sugerimos como aspectos prioritários:

1) Melhorar a imagem do árbitro: Para isso deverá traçar-se um programa tanto nas federações como na CBF e, por extensão, nos clubes, que permita estimular e hierarquizar a função do árbitro. Em nível de clube, reconhecimento por parte dos dirigentes, técnicos, atletas, oferecendo os treinamentos para a prática pedagógica dos árbitros, colaborando como reforço positivo, corrigindo e encaminhando o novato. Em se tratando de federação criando rankings de atuações, em cada categoria, e principalmente formalizar reuniões para discussões(permanentes) não só dentro do colegiado arbitral, como também convidando técnicos, dirigentes, imprensa. Os treinadores, por sua vez, são os principais responsáveis pela conscientização dos atletas com respeito à importância do fair play (jogo limpo), o que ajudará evidentemente nas tomadas de decisões do árbitro no campo de jogo.

2) Formação prática:
Deverá não só incluir-se uma boa preparação física, como também o treinamento da "observação específica", através de videofilmes, de prática "pedagógica" nos clubes, e a utilização de planilhas técnicas de observação com pessoas com notório conhecimento sobre as regras do jogo.

3) Formação teórica: Deverão incluir-se não só os aspectos específicos das regras do jogo, seu domínio, como também de conhecimentos de técnicas e tática específica do esporte em questão. Serão incluídos programas de treinamento de percepção e como parte específica do treinamento psicológico o treinamento de: visão periférica, visão focalizada, percepção da situação de jogo, treinamento da concentração, treinamento da atenção, treinamento psicoregulador, onde se incluirão programas para autocontrole , controle de stress, controle da agressividade, formação da personalidade do árbitro, treiná-lo nas tomadas de decisões e no domínio dos gestos específicos que esta demanda.

in: apitodobicudo

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